"Quem não interpreta o que lê, além de fazer alarde daquilo que julga ter assimilado, não entende o que diz."

Corredor Polonês.

Escrever sobre o que não se sabe e, assim, fazendo as grandes indagações, chegar ao âmago das coisas é o conselho do tcheco Milan Kundera. Isso vale acredito, tanto para ficção como para jornalismo, pois o que se convencionou chamar de conhecimento- muitas vezes disfarçando a ilusão de saber e o preconceito - embarga previamente grandes buscas interiores e investigações cruciais.
Alfredo Sirkis neste corredor polonês empreendeu justamente a busca do desconhecido - o mundo de experiências enfiadas dentro de nós, comandando impulsos e atitudes, embora vividas pelos que nos antecederam.
Aventurou-se na espessa neblina da saga familiar, é a sua história- ou de alguém muito semelhante - entrelaçada com as histórias daqueles que a geraram. Engrenagem de vivências, sobretudo o reconhecimento de que o homem não é fato isolado, casual, mas fruto de habilidosa e paciente tessitura elaborada ao longo do tempo. Sirkis seguiu Kundera: quis situar-se, localizar-se, encontrar-se e partiu em busca das situações nas quais estava contido mas desconhecia.
Quem não conhece a experiência violenta e violentadora do corredor polonês, onde as vítimas leva pancadas    de todos os lados, do princípio ao fim, até desvencilhar-se ou sucumbir àquela rota de rancor?
No entanto este Corredor Polonês é um roteiro para o entendimento, plataforma de paz, convite à compreensão, porta aberta para o maravilhoso desconhecido onde se aninham, junto com a dor, as melhores histórias.
Alberto Dines.


Editora: Record
Gênero: Romance.
Autor: Alfredo Sirkis.
Págnas: 227. Ano: 1983.

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