"Quem não interpreta o que lê, além de fazer alarde daquilo que julga ter assimilado, não entende o que diz."

Enterrem Meu Coração na Curva do Rio.

A dramática historia dos índios norte-americanos.

O mais pungente relato da agonia de uma raça.

"estarrecedor, arrasante...Nos perguntamos, ao ler este livro emocionante: quem, na verdade, eram os selvagens?"
                                                 The Washington Post.

"Original, memorável e comovedor...Impossível largar."
                                                    The New York Times.

Enterrem meu coração na curva do rio,é o eloquente e meticuloso relato da destruição sistemática dos índios da América do Norte. Lançando mão de várias fontes, como registros oficiais, autobiografias, depoimentos e descrições de primeira mão, Dee Brown faz grandes chefes e guerreiros das tribos Dakotas, Ute, Sioux, Cheyenne e outras contarem com suas próprias palavras sobre as batalhas contra os brancos, os massacres e rompimentos de acordos. Todo o processo que, na segunda metade do século XIX, terminou por desmoralizá-los, derrota-los e praticamente extingui-los.
 Publicado originalmente em 1970, este livro foi traduzido para dezessete línguas e vendeu quatro milhões de copias.
Com ele, Dee Brown, um dos maiores especialistas em história norte-americana, mudou para sempre o modo do mundo ver a conquista do Velho Oeste e a história do extermínio dos peles-vermelhas.

"Nada dura muito tempo, só a terra e a montanhas." Antílope Branco. Chayennes.

Embora este pais fosse outrora habitado por índios, as tribos, e muitas delas poderosas, que há tempos ocupavam os territórios que agora constituem os Estados a leste do Mississípi têm sido, uma a uma exterminadas em suas tentativas fracassadas de deter a marcha ocidental da civilização...Se qualquer tribo protesta contra a violação de seus direitos naturais e dos tratados, membros dessa tribo são abatidos desumanamente e o resto é tratado como simples cães... Seria de imaginar que a humanidade presidisse a politica original da remoção e concentração dos índios do Oeste, para preserva-los da ameaça da extinção. Mas hoje, em razão do imenso aumento da população americana e a extensão de suas colônias por todo o Oeste, cobrindo ambos os lados das Montanhas Rochosas, os povos índios estão mais gravemente ameaçados por um extermínio rápido do que nunca, antes, na historia do país.
Donehogawa (Ely Parker), o primeiro comissário índio de Assunto Índios.

Onde estão hoje os Pequots? Onde estão os Narragansetts, os Moicanos, os Pokanokets e muitas outras tribos outrora poderosas de nosso povo? Desapareceram diante da avareza e da opressão do "Homem Branco", como a neve diante de um sol de verão. Vamos nos deixar destruir, por nossa vez, sem lutar, renunciar a nossas casas, a nossa terra dada pelo Grande Espirito, aos túmulos de nossos mortos e a tudo que nos é caro e sagrado? Sei que vão gritar comigo: "Nunca, Nunca!"
Tecumseh. Dos Shawneess.

Dos 3,7 milhões de búfalos exterminados de 1872 a 1874, só 150 mil foram mortos pelos índios. Quando um grupo de preocupados texanos perguntou ao general Sheridan se nada iria ser feito para deter a matança indiscriminada dos caçadores brancos, ele respondeu: "Deixem-nos matar, esfolar e vender até que o búfalo tenha sido exterminado, pois esse é o único modo de conseguir paz duradoura e permitir à civilização progredir." Os Kwahatis livres não queriam participar de uma civilização que progredia com o extermínio de animais úteis.

Tenho vergonha de me dizer um Sioux. Ontem, setecentos de nossos melhores guerreiros foram aniquilados pelos brancos. Agora o melhor que nos resta a fazer é fugir correndo e nos espalhar pelas planícies como búfalos e lobos, é verdade que os brancos tinham armas melhores do que as nossas, e eram em numero muito maior. Mas isso não é razão para não os termos abatidos, pois somos Sioux corajosos e os brancos são mulheres covardes. Não consigo explicar a infame derrota. Deve ser obra de traidores entre nós.
Corvo Pequeno.

Nunca fizemos mal algum ao homem branco, não queremos isso...Desejamos ser amigos do homem branco...Os búfalos estão diminuindo depressa. Os ancilopes, que eram muitos há poucos anos, agora são poucos. Quando morrerem todos, ficaremos famintos; vamos querer algo para comer e seremos obrigados a ir ao forte. Seus jovens não devem atirar em nós; em toda parte onde nos veem atiram, e atiramos neles.
Tonkahaska. (Touro-Alto) ao general W. S. Hancook.

Autor: Dee Brown.
Gênero: história sobre o genocídio dos Índios Norte Americano.
Editora: Coleção L&PM
Ano: 2011. Paginas: 456.

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Jimi Hendrix

Jimi Hendrix foi o maior guitarrista solo de Rock de todos os tempos. Sua música e seu estilo de se apresentar mudaram a expressão da música popular para sempre e, mais de 40 anos após sua morte, ele ainda é admirado pelos fãs e reconhecido por importantes músicos, compositores e cantores.
 Hendrix conectou-se com seu público como cantor e compositor. Músicas como "Voodoo Chile" e "Third Stone From The Sun"  foram resultados brilhantes de uma consciência extremamente confusa, porém expandida, e muito mais do que apenas um produto de seu tampo.
 Em Jimi Hendrix - As Histórias Por Trás de Cada Canção, o jornalista e escritor musical David Stubbs oferece um acompanhamento completo para os trabalhos gravados por Hendrix, desde os primeiros anos, incluindo "Hey Joe" e "Purple Haze" até seu último álbum inacabado, First Rays Of The New Rising Sun, e o álbum que foi lançado após 2009, Valleys of Neptune.
Jimi Hendrix foi, provavelmente, a maior estrela do rock de todos os tempos. Elvis Presley foi quem mais vendeu, o Rei, mas somete aqueles que acreditam que a primeira palavra no rock´n`roll também foi a ultima, argumentariam que o gênero deixou de progredir após as gravações de Elvis no Sun Studio.
 Lennon e McCartney Jagger e Richards eram parceiros: em carreira solo, eles não chegaram até o topo que haviam alcançado com os Beatles e os Stones, respectivamente. Bob Dylan apresentou conhecimento literário e uma atitude para o rock que ajudou esse gênero a transpor sua fase inicial no Show Business nos anos 60. Ele pode ter sido o grande poeta da música popular (embora o Dylan afirmasse que Smokey Robinson o fosse). Apesar disso, profunda e complicada, sua música não tinha exatamente o tipo de qualidade física e sensual que os Byrds, ou o próprio Hendrix, eram capazes de apresentar em seus trabalhos.
 David Bowie e Prince eram camaleões, arlequins. Contudo, após o punk e a diversidade da cena musical pós-moderna do final do século XXI, nenhuma única pessoa ou banda, conseguiu dominar e até mesmo inovar o estilo das personalidades antigas e lendárias do rock.
 Todas as maiores mudanças tectônicas ocorreram, o cenário do rock foi estabelecido, e o legado e a supremacia de Hendrix estão cada vez mais evidentes.
 Mais do que qualquer outra pessoa, Jimi é a impressionante personificação de todas as aspirações do Rock.
O que Hendrix poderia ter feito se tivesse sobrevivido? Poucas pessoas no Clube de Estrelas do Rock que morreram geram tanta especulação quanto Hendrix. Estrelas como Presley e Jim Morrison, por exemplo, morreram jovens, mas já tinham saído do auge havia muito tempo.
 Com Hendrix, parecia que havia mais por vir, e a natureza disso, se sua trajetória de evolução anterior devesse ser levada em conta, confunde a imaginação. Obras incompletas em andamento, como o lendário Black Gold, planejado como uma ópera rock autobiográfica no estilo de Tommy,
apenas indicam para onde suas ambições o teriam levado.

Autor: David Stubbs
Editora: Madras
Gênero: Biografia musical, Jimi Hendrix, 1942| 1970.
Paginas: 272. Ano: 2014.
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A Vida Quer é Coragem.

É fácil localizar em qualquer antologia os versos de um dos poemas mais conhecidos de Cecília Meireles, aquele que diz "aprendi com as primaveras a deixar-me cortar/ e a voltar sempre inteira". A poetiza é uma das autoras prediletas de Dilma Rousseff, e os versos talvez sejam a síntese perfeita de sua trajetória.
São muitos os cortes na vida da primeira presidenta do Brasil. Um dos mais profundos, a perda do pai, imigrante búlgaro que adotou o Brasil como pátria, privou-a aos 15 anos, de seu "supersuperego" e mentor intelectual. O segundo corte aponta para a rua Martins Fontes, seis anos depois, em São Paulo, onde a jovem militante da VAR-Palmares é presa ao "cobrir um ponto" (no jargão da militância)
Um corte rápido desemboca na rua Tutóia, porões do DOI-Codi, onde é submetida a 22 dias ininterruptos de sessões de tortura. A sequência revela a jovem levada as pressas para o hospital Central do Exercito por conta de uma hemorragia que não cessa. Um corte abrupto para o DOPS do fundão e de lá para o presídio da avenida Tiradentes. Por dois anos e dez meses, Vanda, Luíza e Estela tiveram suas vidas cortadas para voltar, inteiras, despidas do codinome, a reabitar sua única pele, a de Dilma Rousseff.
Ao deixar a cadeia, a mineira de Belo Horizonte se torna um pouco a gaúcha de Porto Alegre. Ao lado do marido, Carlos Araújo, inicia a trajetória que fará dela a primeira mulher a ocupar cargos-chave na prefeitura de Porto Alegre e no governo do Rio Grande do Sul. Primeiro o PDT, de Brizola; depois o PT, de Lula.
Nos governos do presidente Lula, torna-se a primeira mulher a ocupar o Ministério de Minas e Energia e a chefia da Casa Civil, A eficiência como gestora faz dela a mãe do PAC e impulsiona a candidatura presidencial sob a batuta do presidente mais popular da História brasileira. Um corte a mais, agora para a candidata à presidência que acaba de receber por telefone o diagnóstico de câncer. "A vida não é fácil. Nunca foi", desabafa.
Menos de dois anos se passam até a última cena: Dilma e Lula, no alto da escada que leva ao cinema do Planalto, "Deus te Abençoe", havia acabado de ouvir do presidente operário. "Em que espelho ficou perdida a minha face?" talvez tenha se perguntado, ainda na trilha de Cecília Meireles, naqueles instantes que se seguiram à vitória.
No recorte de Ricardo Batista Amaral, é possível que a própria Dilma encontre hoje respostas diferentes para a pergunta tão carregada de significados. Talvez sua vitória seja também a de tantos companheiros mortos, entre eles Beto, Dodora e Lara. São faces que nunca deixarão o espelho da memória. De alguma forma, a História estava reescrita naquele 31 de Outubro de 2010. Os vencidos haviam vencido, afinal. Até ali, a vida não foi fácil. Nunca foi. O texto elegante e ágil de Amaral, quase um roteiro-biografia, é também um ensaio sobre um país que, assim como a personagem central da obra, se deixou cortar até se revelar novamente inteiro.
A trajetória pessoal da presidenta Dilma e a história do Brasil moderno se entrelaçam numa grande reportagem. O suicídio de Getúlio Vargas, quando ela era criança. O golpe de 64, quando se aproxima das organizações de esquerda. A clandestinidade, prisão e tortura na ditadura militar. A luta pela anistia e pela redemocratização. O encontro de Dilma com Leonel Brizola, na fundação do PDT, e sua aproximação de Lula durante o apagão (FHC) e na campanha eleitoral de 2002. A chefia da Casa Civil, que assume em plena crise do mensalão. Os bastidores da reeleição de Lula, a luta contra o câncer e a vitória nas eleições de 2010: uma história de resistência, esperança e coragem.

"O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, apertas e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem."
                                                                                                João Guimarães Rosa.

Autor: Ricardo Batista Amaral.
Editora: Primeira Pessoa.
Gênero: biografia Dilma Rousseff
Paginas: 304. Ano: 2011.

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Metallica. A biografia.

O Metallica foi para o heavy metal dos anos 1980 o que o Led Zeppelin foi para o rock e o Ramones para o Punk: a banda que definiu a aparência e o som de uma época.
Formado em 1981, misturando os riffs poderosos da NWOBHM (New Wave of British Heavy Metal) com a atitude punk, o Metallica criou seu próprio gênero, o thrash, e foi seguido por Slayer, Anthrax e Megadeth, mas nunca quis ficar restrito a esse rótulo.
Trinta anos depois, em qualquer sentido que se examine, o Metallica superou todas as expectativas e é considerado a maior banda de metal de todos os tempos. Mas não foi uma história tranquila nem isenta de problemas. A parceria entre Lars Ulrich, extrovertido jovem dinamarquês fã de Deep Purple, e James Hetfield, garoto americano com cara de poucos amigos criado em uma família ultrarreligiosa e atormentado pelo alcoolismo, deu origem a algumas das músicas mais incríveis do gênero.
O Metallica passou por todos os clichês do rock: sexo, drogas, bebidas e mulheres. Também sofreu com a morte de um de seus principais membros, o baixista Cliff Burton, em um acidente de ônibus em 1986, foi criticado quando tentou se reinventar durante os anos do grunge, e quase chegou ao fim depois de atacar os próprios fãs no caso Napster. Depois de tantas mudanças, muita terapia e um novo baixista, o Metallica continua lotando estádios em todo o mundo com seus shows viscerais.
Até o momento não havia uma biografia completa da banda. O conceituado jornalista britânico Mick Wall, que acompanha desde o início, mistura entrevistas e memórias para contar a história definitiva do Metallica.
Até o momento em que Cliff Burton, o baixista, foi embora antes deles, levando consigo a alma da banda com o nome mais idiota da história do heavy metal: Metallica.
"Pegávamos as estruturas de riffs do AC/DC e do Judas Priest e tocávamos com a velocidade do Motörhead.(...) Tinhamos som e atitude europeus, mas éramos uma banda norte-americana, e não havia mais ninguém nos EUA fazendo aquilo." lars Ulrich.
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Editora: globo
Gênero: Biografia
Autor: Mick Wall.
Paginas: 464.


A Elite do Atraso.

Da escravidão à lava Jato #farsaJato
Um livro que analisa o pacto dos donos do poder para perpetuar uma sociedade cruel forjada na escravidão.
Ideias velhas nos legaram o tema da "Corrupção dos Tolos" só da política, como nosso grande problema nacional. Na corrupção real, no entanto, o problema central - sustentado por outras forças - é a manutenção secular de uma sociedade desigual, que impossibilita o resgate do Brasil esquecido e humilhado. São essas forças e sua agenda oculta que este livro pretende revelar: a nossa elite do atraso.
Depois da polêmica intelectual aberta pela obra A Tolice da inteligência brasileira e da contundência exposta em A radiografia do golpe, o sociólogo Jessé Souza descortina de maneira criativa e consistente o papel de nossas elites - do Brasil dos tempos da escravidão ao país da operação Lava Jato. O resultado é um livro surpreendente, forte, inovador, crítico na essência, com um texto aguerrido na forma e no conteúdo e leitura acessível. A elite do atraso mostra o pacto construído e sedimentado pelos donos do poder para perpetuar uma sociedade excludente e perversa, forjada ainda na escravidão.

"Quem controla a produção das idéias dominantes controla o mundo. Por conta disso Também, as ideias dominantes são sempre produto das elites dominantes. É necessário, para quem domina e quer continuar dominando, se apropriar da produção de ideias para interpretar e justificar tudo o que acontece no mundo de acordo com seus interesses."

 A Elite do Atraso - Da Escravidão á Lava Jato. é uma resposta crítica do sociólogo Jessé Souza a um Clássico: Raízes do Brasil, do historiador Sérgio Buarque de Holanda, publicado em 1936 e eternizado por incontáveis intelectuais de todas as colorações ideológicas e partidárias. Todas as nossas elites universitárias foram formadas, na direita e na esquerda, por essa leitura, antes incontestada, do Brasil. Este livro é uma leitura crítica contra a interpretação dominante do país e de suas mazelas, difundida em "pilulas diárias" também pela mídia.
 Do "homem cordial" de Sérgio Buarque aos "donos do poder" de Raymundo Faoro., da visão de Estado corrupto e patrimonial á qual Fernando Henrique Cardoso se alinhou á figura do "jeitinho brasileiro" interpretada por Roberto DaMatta essa leitura ajudou a sedimentar a síndrome de vira-lata do brasileiro e a espalhar a ideia de que a corrupção política é o grande problema nacional - um problema que teria sido herdado especialmente de nossa formação ibérica. Daí o sucesso da operação lava jato numa sociedade ansiosa por remover os males instalados no Estado brasileiro.
 Essa é uma falsa ideia, diz Jessé Souza numa obra que reúne a revisão conceitual e acadêmica, o sociólogo lembra que A Raízes do Brasil é fundamental para entender o país da lava jato ou farsa a jato. A "limpeza da política" do procurador deltan dallagnol e do juiz sérgio moro, afirma Jessé, se legitima com Sergio Buarque e seus epígonos; a mídia (e em particular a Rede Globo) legitima sua violência simbólica do mesmo modo.
Para desconstruir essa legitimação "naturalizada" ao longo de décadas, A Elite do Atraso ataca três eixos bem definidos. Primeiro, toma a experiência da escravidão, e não suposta e abstrata continuidade com Portugal e seu "patrimonialismo", como a semente da sociedade desigual, perversa e excludente do Brasil. Segundo analisa como a luta de classes por privilégios construiu alianças e preconceitos que esclarecem o padrão histórico repetido nos embates políticos do Brasil moderno.
(Aqui o autor olha também a cultura, incluindo laços familiares e afetivos, e não apenas as relações econômicas, para compreender as diferentes classes sociais e explicar o nosso comportamento real e prático no dia a dia) Terceiro, Jessé faz o diagnóstico do momento atual, batendo forte no que chama de conluio entre a grande mídia e a lava jato.
 A Elite do Atraso é um livro para ser apoiado, debatido ou questionado. Mas será impossível reagir de maneira indiferente á leitura contundente de Jessé Souza aos nossos cânones acadêmicos e midiáticos.

"Estamos nos especializando em perseguir por métodos jurídicos pouco ortodoxos os suspeitos da "Corrupção dos Tolos" enquanto a corrupção real, do conluio entre mercado, mídia e corporações juridico - polícias do Estado, pode passar impune."

"Todo o esquema que operou no recente "Golpeachment" de 2016 já estava armado desde o segundo governo Vargas. Muito especialmente o tema da corrupção seletiva passa a ser usado sistematicamente já contra Getúlio Vargas com retumbante sucesso. Carlos Lacerda (O Corvo) e toda a mídia conservadora cerram fileiras e provocam comoção popular já se utilizando de dispositivos que hoje são conhecidos como pós-verdade, ou seja, a construção de versões sem prova com o intuito de produzir determinado efeito difamatório. Mesmo que a mentira se revele enquanto tal mais tarde, seu efeito destrutivo já foi realizado. O suicídio de Vargas a partir de comprovadas inverdades ditas contra ele mostra a eficácia do esquema." 

"O ódio fomentado todos os dias ao PT e a Lula produziu, inevitavelmente, Bolsonaro e sua violência em estado puro, agressivamente burra e covarde. Agora, uma população pobre à mercê de demagogos religiosos está minando as poucas bases civilizadas que ainda restam à sociedade brasileira. Essa dívida têm que ser cobrada da mídia que cometeu esse crime." 

"A esperança de hoje tem que ser uma adaptação contemporânea do velho chamado aos exploradores: Os feitos e imbecis de todo o país: uni- vos! Recuperemos nossa inteligência, voltaremos a praticar a reflexão autônoma que é a chave de tudo que a raça humana produziu de bonito e de distinto na vida da espécie. Afinal, tudo que foi feito por gente também pode ser refeito por gente."

"A elite não odeia os pobres, ela tem uma indiferença blasé, quer o dinheiro dela e pronto. Mas uma parte da classe média tem, sim, uma relação de ódio com om pobre."

"É necessário aprender com a nossa catástrofe que é recorrente. As falsas idéias existem para fazer as pessoas de tolas, posto que apenas os feitos de tolos dão de bom grado e volitivamente o produto de seu esforço a quem os engana e oprime. Sem uma crítica das idéias, não existe prática social verdadeiramente nova. A ideia central que nos faz de tolos é a de que nossa história e a história de nossas mazelas têm sua raiz no patrimonialismo só do Estado. Foi por conta dela que a Rede Globo e a Lava Jato legitimaram seu ataque combinado à economia e à sociedade brasileira."

Autor: Jessé Souza. (Sociólogo,  Filosofo)
Editora: Leya
Gênero: história, ciências sociais, economia.
Ano: 2017 Paginas: 239.

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Dominação e Subordinação. mulher e trabalho na pequena propriedade.

A obra Dominação e Subordinação: trata da situação da mulher na família e na pequena propriedade agrícola, no período compreendido entre 1875 e 1924, na antiga colônia Caxias. Analisa a desigual divisão de trabalho e de bens na propriedade, demonstrando a ação da mulher, quando esta, por morte do marido, se torna proprietária da terra e chefe da família. Foram levantados dados sobre as mulheres proprietárias nos requerimentos por elas elaborados, a partir dos quais tornou-se possível acompanhar a evolução do seu trabalho e a transformação que apresentam ao assumir a condição de chefes da família e donas da propriedade, garantindo tanto a manutenção da submissão das mulheres como a família tradicional.

"A mulher na pequena propriedade agrícola realizava a maior parte das atividades, domésticas e da lavoura. Dentro da família era submetida a uma condição subalterna, recebendo uma divisão desigual de bens. Ao tornar-se dona da terra, vai sofrer um processo da transformação, assumindo as mesmas condições que as do homem, garantindo tanto a manutenção da submissão das mulheres quanto a da família tradicional"

O presente trabalho constitui parte do projeto de pesquisa do Departamento de História e Geografia da Universidade de Caxias do Sul, que se propõe a analisar as condições da mulher na família e no trabalho. A questão da mulher na pequena propriedade colonial começou a despertar o interesse da pesquisa quando foram colhidos depoimentos de mulheres imigrantes, nos anos de 1974 e 1975, quando foi comemorado o centenário da imigração italiana no RS. Os depoimentos revelaram um alto grau de emoção quando algumas questões eram abordadas, sendo a mais dramática a do casamento. Por outro lado, constatou-se que, ao contrário dos maridos, as mulheres quase não tinham descanso, mesmo seu lazer (filós) era uma forma de trabalho coletivo. Ocupadas de manhã à noite, as mulheres não tinham direito a descanso no domingo.
A desigualdade era tão "natural" que servia como motivo de orgulho pessoal à distribuição injusta dos bens. "Aos filhos dá um pedaço de terra, às filhas se dá o dote". Esta é a repartição definida pelo sexo. Mas, na repartição desigual, há um agravante: a filha paga pelo enxoval e pelo dote, enquanto os filhos recebem as terras como pagamento pelo trabalho realizado e não-remunerado. Mas as filhas que também trabalhavam sem remuneração, não recebiam terras.
Não sendo bem aceita pelos próprios pais, as meninas eram consideradas como prejuízo para o grupo social no qual nasciam. Constituíam a garantia de despesas com "o dote" e o enxoval, sendo condenadas à desigualdade. As mulheres no livro caixa da propriedade eram contabilizadas como despesas e os meninos como receita. Sendo assim inútil seu esforço no trabalho na roça e nas atividades do lar, a mulher pertencia a uma casta, a qual não poderia superar. O sexo era o estigma que marcava no nascimento, contra o qual não poderia lutar. Restavam dessa forma apenas a submissão e as desigualdades para as quais estavam destinadas...
Na pesquisa ficou evidenciado que a mulher, tratada apenas como auxiliar do homem, realizava a maior parte das atividades na pequena propriedade. Realizava a totalidade das tarefas domésticas auxiliadas apenas pelas filhas; e a maioria das atividades complementares a das atividades principais (Ex; Roça, ordenhar, cozinhar, costurar...) O homem que não participava nas atividades domésticas, realizava menos da metade das atividades principais a cerca de um terço das atividades complementares. Em outras palavras, o homem trabalhavam bem menos do que a mulher.

Autor: Loraine Slomp Giron,
Editora: Suliani.
Gênero: Pesquisa histórica.
Ano; 2008 Paginas: 164
 

Memorial do Convento

Para Descobrir Portugal...
Diz-se que o português Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil no ano de 1500.
A gente vai acreditando porque nesta altura dá muito trabalho impugnar. Mas fica aquela duvida: O Brasil estava perdido? (os piadistas poderão dizer que já estava) Se fomos mesmo descobertos por portugueses, quando é que nós brasileiros vamos retribuir a gentileza descobrindo Portugal? Porque a verdade chocante é que para os brasileiros de hoje Portugal é tão ignoto como eram estas terras para os europeus até fins do século XV.
Isto não é nenhum exagero. Em literatura, por exemplo: quantos escritores portugueses depois de Eça são conhecidos e lidos no Brasil? A contagem talvez não ocupe os cincos dedos de uma mão. No entanto, existem muitos bons escritores em Portugal escrevendo bons livros que só por acaso chegam aqui. De maneira que um brasileiro aventuroso tem muito a descobrir em Portugal no campo da literatura.
Um escritor português que precisa ser descoberto com urgência- não por ele, que vai indo muito bem sem o Brasil, mas por nosso beneficio - é José Saramago.
José Saramago vem publicando livros desde 1966 - poesia, romances, teatro. O primeiro romance a chegar no Brasil foi Levantado do Chão, Duvido que a pessoa que pegar esse livro mesmo distraidamente e der com os olhos na primeira frase não se sinta conquistada pelo estilo de Saramago, e eu não vou transcrever essa frase para não tirar ao leitor o prazer da descoberta.
O livro conta a história da humilde e muito nobre família Mau-Tempo, lavradores do Alentejo, desde tempos muito remotos até a Revolução de 1974. Mas atenção: não é um encadeamento maçante de fatos; é uma história inventada por força e graça de José Saramago. O leitor vai simplesmente se apaixonar por essa família tão sofrida e tão nobre. Quando eu pensava que tão cedo não encontraria outro livro comparável a Levantado do Chão, eis que me chega outro da mesma altíssima categoria, e escrito pelo mesmo Saramago, este Memorial do Convento, publicado em 1982 em Portugal e já na quarta edição e ganhador de de prêmio literário importante.
A pretexto de escrever um livro sobre a história da construção de um convento em Mafra no século XVIII, Saramago inventou uma história outra, na qual entram outras famílias inesquecíveis, a dos Sete Sois e a das Sete Luas, e mais padre Bartolomeu de Gusmão com sua passarola, e o compositor Scarlatti com seu Órgão e sua música, e mais reis e rainhas e princesas, e mais uma pedra descomunal que precisa ser transportada a longa distância, e o que acontece durante o transporte .
O que pretende e que consegue - José Saramago com seus livros? para mim, isto: fazer o que fez Homero antes dele, isto é, escrever histórias aparentemente reais mas inventadas com tanta competência que depois de lidas passam a ser reais e a fazer parte da longa e sofrida experiência humana.
Minha sugestão é, descubram Saramago e façam dele uma possessão ultramarina particular de cada um.
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Editora: Bertrand Brasil
Gênero: Romance
Autor: José Saramago.
Paginas: 347. Ano: 2010.