"Quem não interpreta o que lê, além de fazer alarde daquilo que julga ter assimilado, não entende o que diz."

Breve História da Literatura Brasileira.


Nota da Tradutora.

Esta é uma obra singular na produção de Erico Verissimo.
Partindo de conferências  pronunciadas na Universidade da Califórnia em Berkeley, o texto foi trabalhado e concebido como um todo unitário, formando um panorama muito pessoal da história da literatura Brasileira desde a época colonial até a geração de 45.
Escrita em inglês e até agora inédita em português, esta história da literatura constitui-se no único ensaio literário longo de autoria do escritor sulino, ao lado de seus diversos ensaios curtos publicados em revistas e jornais e selecionados para obra completa.
Sua tradução decorre das investigações da tradutora relacionadas à organização e manutenção do acervo litérario de Erico Verissimo, cuja finalidade principal é preservar a obra do autor, tanto em termos de menuscritos quanto de documentos correlatos, e difundi-la permanentemente. Graças à consciência histórica e literária da familía de Erico, seu acervo foi confiado à responsabilidade científica do centro de pesquisas literárias da PUCRS, que tem tornado possível o trabalho de conservação e de divulgação dos documentos primários legados pelo escritor, por meio de projetos financiados pelo CNPq e FAPERGS.
Buscou-se capturar algo do estilo fluente e cativante do criador de " O Tempo e o Vento", mas não se pretende poder reproduzir sua conhecida mestria na língua portuguesa.
Como Erico apresenta a seus leitores norte-americanos a literatura brasileira em extratos traduzidos por ele para o inglês, essas citações foram localizadas nas obras originais em português. graças ao trabalho de pesquisa inicial de Cristina Maria Penz, continuado e desenvolvido por Márcia Ivana de Lima, a quem é atribuída a maior parte do crédito na recuperação das fontes utilizadas pelo escritor.
                 Maria da Glória Bordini  ( Porto Alegre, Agosto de 1995.)

                                                                Prefácio.
Esta é uma história da literatura brasileira muito esquemática e indubitavelmente possui falhas. Meu propósito principal ao escrevê-la foi dar ao leitor americano uma idéia da marcha da literatura em meu país, desde o dia em que foi descoberto até este ano. Está claro que òmiti nomes de muitos autores, um pecado de que humildemente peço desculpas às pessoas atingidas. ao escrever sobre os últimos vinte anos da vida literária brasileira, não dispunha de nenhuma obra de referência, qualquer que fosse, para me suprir de informações, tive de confiar na memória e esta, sabe-se, é um território muito confuso, cheio de armadilhas ocultas e inesperadas. De qualquer forma, estou certo de que, em livros como este, tendências e aspectos gerais são muito importantes do que simples nomes de autores.
Tenho que esclarecer mais um ponto, esatas páginas foram escritas originalmente para serem lidas numa série de conferências públicas que proferi em Janeiro e Fevereiro de 1944, na Universidade da califórnia em Berkeley. Como não queria que a platéia adormecesse, embalada pelo zunzum da minha voz, enquanto eu repetia monotonamente nomes e autores e títulos de livros numa língua que lhe era estranha, de vez em quanto eu contava uma história ou anedota retirada de algum romance, conto ou poema da literatura brasileira, assim muitas das passagens citadas neste livro não foram escolhidas por serem as mais representativas de seus autores ou época, mas apenas porque produzem boas gargalhadas ou uma leitura agradável. O leitor seguramente entenderá melhor a minha posição, se lhe disser que não sou crítico, mas um contador de histórias.
Esta não é uma versão sem preconceitos da literatura brasileira. Ao escrever este livro, não tomei o lugar de Deus; contentei-me com o de um leitor comum, que às vezes pode estar errado, mas que não pretende jamais trair seus próprios gostos e desgostos.
                                Erico Verissimo ( São Francisco califórnia, 1944)

Autor: Erico Verissimo.
Editora: Globo.
Gênero: História e Crítica.
Págnas: 189.   Ano: 1996.

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