"Quem não interpreta o que lê, além de fazer alarde daquilo que julga ter assimilado, não entende o que diz."

Dominação e Subordinação. mulher e trabalho na pequena propriedade.

A obra Dominação e Subordinação: trata da situação da mulher na família e na pequena propriedade agrícola, no período compreendido entre 1875 e 1924, na antiga colônia Caxias. Analisa a desigual divisão de trabalho e de bens na propriedade, demonstrando a ação da mulher, quando esta, por morte do marido, se torna proprietária da terra e chefe da família. Foram levantados dados sobre as mulheres proprietárias nos requerimentos por elas elaborados, a partir dos quais tornou-se possível acompanhar a evolução do seu trabalho e a transformação que apresentam ao assumir a condição de chefes da família e donas da propriedade, garantindo tanto a manutenção da submissão das mulheres como a família tradicional.

"A mulher na pequena propriedade agrícola realizava a maior parte das atividades, domésticas e da lavoura. Dentro da família era submetida a uma condição subalterna, recebendo uma divisão desigual de bens. Ao tornar-se dona da terra, vai sofrer um processo da transformação, assumindo as mesmas condições que as do homem, garantindo tanto a manutenção da submissão das mulheres quanto a da família tradicional"

O presente trabalho constitui parte do projeto de pesquisa do Departamento de História e Geografia da Universidade de Caxias do Sul, que se propõe a analisar as condições da mulher na família e no trabalho. A questão da mulher na pequena propriedade colonial começou a despertar o interesse da pesquisa quando foram colhidos depoimentos de mulheres imigrantes, nos anos de 1974 e 1975, quando foi comemorado o centenário da imigração italiana no RS. Os depoimentos revelaram um alto grau de emoção quando algumas questões eram abordadas, sendo a mais dramática a do casamento. Por outro lado, constatou-se que, ao contrário dos maridos, as mulheres quase não tinham descanso, mesmo seu lazer (filós) era uma forma de trabalho coletivo. Ocupadas de manhã à noite, as mulheres não tinham direito a descanso no domingo.
A desigualdade era tão "natural" que servia como motivo de orgulho pessoal à distribuição injusta dos bens. "Aos filhos dá um pedaço de terra, às filhas se dá o dote". Esta é a repartição definida pelo sexo. Mas, na repartição desigual, há um agravante: a filha paga pelo enxoval e pelo dote, enquanto os filhos recebem as terras como pagamento pelo trabalho realizado e não-remunerado. Mas as filhas que também trabalhavam sem remuneração, não recebiam terras.
Não sendo bem aceita pelos próprios pais, as meninas eram consideradas como prejuízo para o grupo social no qual nasciam. Constituíam a garantia de despesas com "o dote" e o enxoval, sendo condenadas à desigualdade. As mulheres no livro caixa da propriedade eram contabilizadas como despesas e os meninos como receita. Sendo assim inútil seu esforço no trabalho na roça e nas atividades do lar, a mulher pertencia a uma casta, a qual não poderia superar. O sexo era o estigma que marcava no nascimento, contra o qual não poderia lutar. Restavam dessa forma apenas a submissão e as desigualdades para as quais estavam destinadas...
Na pesquisa ficou evidenciado que a mulher, tratada apenas como auxiliar do homem, realizava a maior parte das atividades na pequena propriedade. Realizava a totalidade das tarefas domésticas auxiliadas apenas pelas filhas; e a maioria das atividades complementares a das atividades principais (Ex; Roça, ordenhar, cozinhar, costurar...) O homem que não participava nas atividades domésticas, realizava menos da metade das atividades principais a cerca de um terço das atividades complementares. Em outras palavras, o homem trabalhavam bem menos do que a mulher.

Autor: Loraine Slomp Giron,
Editora: Suliani.
Gênero: Pesquisa histórica.
Ano; 2008 Paginas: 164
 

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