Os colonos, imigrantes italianos, quando chegaram aqui na região, literalmente foram jogados no mato. Na região da colonização alemã, padre Theodor Amstad foi o pioneiro na organização dos agricultores em cooperativas.
Ele andava por essas colônias alemãs com uma mula, difundindo o cooperativismo como alternativa econômica e social para os agricultores. Aqui na região de colonização italiana, em 1911, chegou um senhor italiano chamado Stefano Paternò. Fora contratado pelo governo do Estado, na época do então governador Carlos Barbosa Gonçalves. A Cooperativa Santa Clara é uma herança de Paternò. Pressionado pelos comerciantes da época, que eram muito fortes e organizados, ele foi expulso e retornou para a Itália.
As cooperativas cumpriram a sua missão até os anos 60, 70 do século passado; mas a partir daí a corrupção se instalou de uma forma tão avassaladora que hoje o movimento cooperativista, salvo raras exceções está desmoralizado. O repórter, jornalista Egon Muller, que agora reside em Carlos Barbosa, acompanhou uma roubalheira na Cooperativa Vinícola Aurora, de Bento Gonçalves.
Escreveu um livro, chamado "O Caso Aurora", de enorme repercussão. Ele fez o papel que devia ser feito pela investigação da Polícia e da Justiça. Ele levou 1 ano e dois meses, fez 228 entrevistas e houve uma grande pressão política e financeira, e a editora que tinha assinado contrato desistiu de publicar. Ele teve de vender o carro, o telefone e a própria casa para imprimi-lo.
Tem apresentação de Lasier Martins e do bispo de Vacaria, Dom Orlando Dotti. Vendeu seis mil exemplares. Os diretores da Aurora entraram com dez processos contra o Sr. Egon Muller, e ele foi absolvido em todos. Recebeu propostas de propina de 300 mil dólares para não publicar o livro, e lhe disseram que dariam mais uma rádio FM e uma casa no Estado do Paraná.
Para entender o caso: os empresários José Antônio Alberici Filho, Mario Mazzoccato, Dalcir Salton e José Cláudio Zatt foram condenados pela Justiça Federal do município de Bento Gonçalves por estelionato. De acordo com a denúncia, eles teriam desviado 58 milhões de litros de derivados de uva das safras de 1994 e 1995, dados em garantia para obtenção de empréstimos junto ao Banco do Brasil.
Conforme o Ministério Público Federal, a cooperativa recebeu recursos para financiar a estocagem de derivados de uva através de sete empréstimos do governo federal. Como garantia, a Vinícola Aurora ofereceu mais 75,9 milhões de litros de derivados de uva, relativos às safras daqueles dois anos. No entanto, após a realização de vistorias nos estoques da Aurora, foram localizados apenas 17 milhões de litros do produto.
Em abril de 2002, a Vara Federal de Bento Gonçalves condenou Alberici, Mazzoccato e Salton, respectivamente diretor executivo, vice-diretor executivo e presidente do Conselho de Administração na época dos fatos, e Zatt, então gerente financeiro.
Esse é mais um dos fatos que mostram que quem tem bons advogados e tem dinheiro nunca vai para a cadeia. Veja o caso do juiz Lalau, que roubou mais de 200 milhões de reais e está vivendo a sua "prisão" numa mansão num dos bairros mais chiques de São Paulo, e custa para a sociedade brasileira 40 mil reais por mês. Não é por nada que esse sofrido povo brasileiro fica horas nas filas para apostar numa mega sena.
Roubar sempre foi um grande negócio nesse país. São pessoas como Egon Muller que dão um fio de esperança, que investigam, que publicam e que não esmorecem na busca da verdade. E o sistema cooperativista, que foi criado para unir os que têm pouca vez e voz, é mais uma instituição quase falida.
Diego Guerra.
ASCENSÃO E QUEBRA DE UMA COOPERATIVA.
Trecho do Livro.
"O Caso Aurora, tem muita semelhança com a história de ALI BABÁ E OS 40 LADRÕES.
Não se conhece ainda, todo o volume dos lucros que embolsou o bom BABÁ, nem se sabe se são só 40 os amigos, mas já se sabe o que os uniu.
Todos queriam saquear as burras de uma viúva chamada AURORA."
Autor: Egon Muller.
Editora: Pallotti.
Gênero: Obra Jornalistica, investigativa.
Paginas: 277.
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