O presente livro conduz o leitor por um caminho nem sempre trilhado pelos admiradores de Marx. Ele aponta para aspectos de seu pensamento que muitas vezes permanecem na penumbra e, por isso mesmo, oferecem condições para as mais diversas e contraditórias interpretações. A linha de raciocínio desenvolvida neste texto procura evitar uma certa hagiografia em torno do pensador alemão, mas igualmente se esforça para não penetrar na esfera da neutralidade.
As 10 lições apresentadas neste livro, portanto, têm o objetivo de mostrar um Marx capaz de reconhecer erros cometidos na elaboração de sua teoria, tanto quanto iniciar, ele próprio-mais ainda Engels-, o processo de "revisão" tão combatido pelo marxismo canônico. Se Marx percebe, na maturidade, que "é o ser que determina a consciência", em contraposição à sua concepção anterior de que"o ser determina a vida", Engels radicaliza a filosofia da práxis ao afirmar que a "história nos desmentiu revelando que era uma ilusão nosso ponto de vista da época". Engels referia-se à iminente possibilidade de uma revolução no fim dos anos 40 do século XIX e princípios da década seguinte.
A maturidade os leva a anunciar uma nova forma de entender as novidades introduzidas pela ciência e pela tecnologia no final do século.
O autor, porém, não se satisfaz em interpretar, de forma sucinta, o pensamento de Marx nem explicar as principais categorias com as quais ele trabalha. A principal preocupação dessa pequena obra é demostrar o valor da teoria de Marx para os dias atuais, defendendo ideia de que a filosofia política e social de Marx ainda tem muito a nós ensinar, a despeito das mudanças sofridas pelo capitalismo nos últimos tempos.
Futuro contraditório em permanente tensão entre ciência e a moral. Marx procurou superar a primeira para realizar a segunda. Foi pioneiro em negar (dialeticamente) seu próprio passado para confirmá-lo mais a frente. "A história nos desmentiu", diz Engels no ano de sua morte, em 1895, "revelando que era uma ilusão nosso ponto de vista daquela época". Mais de cem anos nos separam do período em que viveram Marx e Engels. No entanto, sua teoria mantém-se tão atual que se torna quase impossível imaginá-la como produto de uma mentalidade do século passado. Isso porque todos os problemas que ele criticou em sua época permanecem vivos na atualidade: exploração, alienação, sofrimento físico e mental causado pelo trabalho desgastante da Pós-modernidade (a despeito de algumas mudanças na materialidade do trabalho), divisão das classes,desigualdade etc...É difícil, porém, para nós, cidadãos das sociedades pós-industriais, ler Marx sob o viés exclusivamente cientificista. A "ciência" marxista nos auxilia, apenas em parte, a entender nossa herança, nossos mortos que continuam a oprimir os cérebros dos homens pós-modernos. Eis a razão da necessidade, ainda, de elementos utópicos e éticos na teoria de Marx, mas uma ética que parece impossível de no regime vigente. Marx chega, assim, ao século XX, embora não inteiramente incólume, pois, de alguma forma, foi afetado pelas mudanças operadas pela ciência moderna.
Diferentemente de outros autores que tiveram seus escritos publicados de forma integral, o que facilita, e termos, o trabalho do analista, a obra completa de Marx ainda está por ser editada. O projeto de uma edição completa de suas obras e também das de Engels, foi iniciada por David Riazanov, na década de 20 do século passado, e programado para uma coleção composta de 42 volumes, intitulada Marx-Engels Gesamtausgabe (mega). Apenas uns poucos tomos vieram á luz. Em 1970, reiniciou-se, em Berlim e Moscou, sua publicação completa. A partir de 1989, essa iniciativa recebeu grande estímulo de intelectuais e cientistas do mundo inteiro, principalmente a partir de 1990 depois do apoio de importantes instituições, particularmente do Instituto Internacional de História Social de Amsterdã. Embora apenas 52 volumes dessa expedição tenham alimentado o "mercado" marxista, até o momento, o conjunto da obra está estimado em 114 volumes, e essa empresa não chegará a seu termino antes de 2010. Contudo, isso não é empecilho para uma investigação mais profunda, à medida que a maior parte dos principais estudos de Marx, ainda que editada isoladamente, é conhecida em quase todas as línguas.
Os últimos anos de Marx foram marcados por um misto de atividade intelectual (esforço para dar continuidade a O Capital e revisão para novas edições, inclusive para publicação em outras linguás além da alemã), ação política na internacional e de dificuldades de saúde (agravamento de sua doença - problema no figado, pulmão, carbúnculos etc.) que acabaram por impedir o término dos outros dois livros de sua obra magna. Morre a 14 de março de 1883, dois anos após o falecimento de sua mulher e dois meses depois da morte de uma de suas filhas, Jenny, que carregava o mesmo nome da mãe. Ao seu enterro, no cemitério de Highgate, compareceu apenas uma dezena de pessoas. Em seu elogio fúnebre, diante da tumba de Marx, em 17 de março Engels pronunciou um discurso em que afirmou que, três dias antes "deixou de pensar o maior pensador de nossos dias."
Temário:
*O pensador do século?
*O primeiro marxismo.
*Marxismo: uma filosofia da práxis.
*As concepções do Estado e da revolução.
*O Partido: um conceito amplo.
*Ditadura e democracia: a transição para o socialismo.
*Proletariado: o sujeito revolucionário.
*Maturidade e revisão.
*Há lugar para Marx no século XXI?
*Ética e sujeito na teoria de Marx.
Autor: Fernando Magalhães.
Editora: Vozes .
Gênero; Conceitos filosóficos.
Ano; 2009. Paginas; 159.
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As 10 lições apresentadas neste livro, portanto, têm o objetivo de mostrar um Marx capaz de reconhecer erros cometidos na elaboração de sua teoria, tanto quanto iniciar, ele próprio-mais ainda Engels-, o processo de "revisão" tão combatido pelo marxismo canônico. Se Marx percebe, na maturidade, que "é o ser que determina a consciência", em contraposição à sua concepção anterior de que"o ser determina a vida", Engels radicaliza a filosofia da práxis ao afirmar que a "história nos desmentiu revelando que era uma ilusão nosso ponto de vista da época". Engels referia-se à iminente possibilidade de uma revolução no fim dos anos 40 do século XIX e princípios da década seguinte.
A maturidade os leva a anunciar uma nova forma de entender as novidades introduzidas pela ciência e pela tecnologia no final do século.
O autor, porém, não se satisfaz em interpretar, de forma sucinta, o pensamento de Marx nem explicar as principais categorias com as quais ele trabalha. A principal preocupação dessa pequena obra é demostrar o valor da teoria de Marx para os dias atuais, defendendo ideia de que a filosofia política e social de Marx ainda tem muito a nós ensinar, a despeito das mudanças sofridas pelo capitalismo nos últimos tempos.
Futuro contraditório em permanente tensão entre ciência e a moral. Marx procurou superar a primeira para realizar a segunda. Foi pioneiro em negar (dialeticamente) seu próprio passado para confirmá-lo mais a frente. "A história nos desmentiu", diz Engels no ano de sua morte, em 1895, "revelando que era uma ilusão nosso ponto de vista daquela época". Mais de cem anos nos separam do período em que viveram Marx e Engels. No entanto, sua teoria mantém-se tão atual que se torna quase impossível imaginá-la como produto de uma mentalidade do século passado. Isso porque todos os problemas que ele criticou em sua época permanecem vivos na atualidade: exploração, alienação, sofrimento físico e mental causado pelo trabalho desgastante da Pós-modernidade (a despeito de algumas mudanças na materialidade do trabalho), divisão das classes,desigualdade etc...É difícil, porém, para nós, cidadãos das sociedades pós-industriais, ler Marx sob o viés exclusivamente cientificista. A "ciência" marxista nos auxilia, apenas em parte, a entender nossa herança, nossos mortos que continuam a oprimir os cérebros dos homens pós-modernos. Eis a razão da necessidade, ainda, de elementos utópicos e éticos na teoria de Marx, mas uma ética que parece impossível de no regime vigente. Marx chega, assim, ao século XX, embora não inteiramente incólume, pois, de alguma forma, foi afetado pelas mudanças operadas pela ciência moderna.
Diferentemente de outros autores que tiveram seus escritos publicados de forma integral, o que facilita, e termos, o trabalho do analista, a obra completa de Marx ainda está por ser editada. O projeto de uma edição completa de suas obras e também das de Engels, foi iniciada por David Riazanov, na década de 20 do século passado, e programado para uma coleção composta de 42 volumes, intitulada Marx-Engels Gesamtausgabe (mega). Apenas uns poucos tomos vieram á luz. Em 1970, reiniciou-se, em Berlim e Moscou, sua publicação completa. A partir de 1989, essa iniciativa recebeu grande estímulo de intelectuais e cientistas do mundo inteiro, principalmente a partir de 1990 depois do apoio de importantes instituições, particularmente do Instituto Internacional de História Social de Amsterdã. Embora apenas 52 volumes dessa expedição tenham alimentado o "mercado" marxista, até o momento, o conjunto da obra está estimado em 114 volumes, e essa empresa não chegará a seu termino antes de 2010. Contudo, isso não é empecilho para uma investigação mais profunda, à medida que a maior parte dos principais estudos de Marx, ainda que editada isoladamente, é conhecida em quase todas as línguas.
Os últimos anos de Marx foram marcados por um misto de atividade intelectual (esforço para dar continuidade a O Capital e revisão para novas edições, inclusive para publicação em outras linguás além da alemã), ação política na internacional e de dificuldades de saúde (agravamento de sua doença - problema no figado, pulmão, carbúnculos etc.) que acabaram por impedir o término dos outros dois livros de sua obra magna. Morre a 14 de março de 1883, dois anos após o falecimento de sua mulher e dois meses depois da morte de uma de suas filhas, Jenny, que carregava o mesmo nome da mãe. Ao seu enterro, no cemitério de Highgate, compareceu apenas uma dezena de pessoas. Em seu elogio fúnebre, diante da tumba de Marx, em 17 de março Engels pronunciou um discurso em que afirmou que, três dias antes "deixou de pensar o maior pensador de nossos dias."
Temário:
*O pensador do século?
*O primeiro marxismo.
*Marxismo: uma filosofia da práxis.
*As concepções do Estado e da revolução.
*O Partido: um conceito amplo.
*Ditadura e democracia: a transição para o socialismo.
*Proletariado: o sujeito revolucionário.
*Maturidade e revisão.
*Há lugar para Marx no século XXI?
*Ética e sujeito na teoria de Marx.
Autor: Fernando Magalhães.
Editora: Vozes .
Gênero; Conceitos filosóficos.
Ano; 2009. Paginas; 159.
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